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Foto do escritorFlavio Ferrari

Comunicação 60+

O aumento da longevidade humana no planeta é uma tendência que se consolidou nas últimas décadas, alterando significativamente o perfil etário das populações, e no Brasil não é diferente.

Na década de 80, a expectativa média de vida de uma pessoa com 60 anos no Brasil era de 16 anos. Hoje é de 22 anos à mais, e com uma qualidade de vida bem melhor.

Nossa país tem mais de 30 milhões de sexagenários, representando aproximadamente 15% da população. Pessoas que tem um poder aquisitivo acima da média populacional, acessam e compram pela internet, são mais críticas e bem informadas do que os mais jovens e tem uma capacidade cognitiva superior. Embora o auge da forma física aconteça antes dos 30 anos, os estudos mais recentes indicam que algumas habilidades intelectuais só alcançam seu pico depois dos 55 anos.

A mídia e a publicidade, entretanto, acostumadas a se comunicar com jovens adultos, ainda precisam se ajustar a esse "novo" público.

Seus interesses, necessidades e prioridades são distintos, e bem menos óbvios do que se imagina.

Claro que estão preocupados em cuidar da sua saúde, mas o objetivo é aproveitar a vida. Uma pesquisa da SocialData realizada no início de 2019, identificou que "dedicar mais tempo para si mesmo", "fazer viagens interessantes", "viver novas experiências" e "praticar atividades físicas" estão entre seus principais planos.

Outro aspecto interessante, e pouco explorado, é que a percepção sensorial também se altera com a idade. Pessoas com 60 anos ou mais são menos sensíveis a estímulos de alta frequência, auditivos e visuais, como sons muito agudos ou tons violáceos. Isso significa que a comunicação "padrão" será percebida como mais grave (sons) e mais amarelada (imagens).

O preconceito em relação à idade é um dos mais insidiosos da sociedade. Apesar de toda preocupação atual com o respeito à diversidade e os estereótipos sociais, as pessoas mais velhas continuam sendo representadas como relativamente incapazes, frágeis, assexuadas e obsoletas. Ela é definida por suas eventuais limitações, não por suas inúmeras capacidades.

Mesmo as startups que surgem, com foco na "terceira idade" (um eufemismo que reforça o preconceito), costumam ter foco nas "dores" do envelhecimento e não nos prazeres possíveis.

Para o momento, até que a indústria da comunicação reúna informações suficientes para compreender esse segmento, minha sugestão é a de que contratem profissionais experientes com mais de 60 anos. Eles serão capazes de se comunicar com os mais jovens também.

Comunicação e raciocínio social são duas das habilidades que seguem evoluindo até os 60 anos.

Melhor aproveitar.


2 comentarios


luiz.garcia
10 dic 2019

Excelentes ponderações, como sempre, Flávio! Nós que estamos trabalhando com este perfil sênior, aqui na NEXTT 49+ (www.nextt49.com.br), temos enfrentado estes desafios diariamente. Mais do que mercado, hoje é uma causa. Pois a onda do envelhecimento da população avança rapidamente e, em meio à crise econômica e às mudanças dos modelos de organização, esta população é uma das que mais precisa se reinventar, por desejo e por necessidade. E é realmente um absurdo pensar em simplesmente tornar invisíveis e sem voz a pessoas com incríveis saberes e histórias de vida.

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aplanc
25 nov 2019

Concordo com a exposição, é assim mesmo que funciona.

Há hoje um tremendo desperdício de mão de obra muito mais qualificada que a média disponível, justamente em função do preconceito existente.

A idade não tira a capacidade intelectual do indivíduo.

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